2º Dia – Subida do rio Sado até Alcácer do Sal,
por Eduardo Faria
Manhã de domingo. Depois das excitação do dia anterior houve que levantar o rabo da cama cedo. Havia que aproveitar ao máximo a enchente da maré para conseguirmos chegar a Alcácer do Sal, um percurso de cerca de 20 milhas náuticas, onde estava previsto almoçarmos. Á noite estava previsto um buffet na Torre Túlipa para onde estavam previstos 120 comensais. O programa do dia prometia …
Soprava um vento moderado do quadrante norte, mas que se esperava ficasse reduzido quase a zero para o meio da manhã, como aliás veio a acontecer. Era também esperado um aumento da temperatura máxima.
Entretanto, toca o telefone. (clique Leia mais ... para ver o artigo completo)
Era a Lucília Luís a informar que já estava em Tróia e que esperava reunir-se à tripulação do WILMA dentro de 10 minutos, acompanhada de mais dois colegas de trabalho. Um deles a Ana, cá para nós que ninguém nos está a ouvir é uma cara linda, e que já tinha estado connosco no verão passado no decurso de uma saída em que nos fomos encontrar com o TRINITY do Santana 5 milhas ao largo Cascais, encontro que foi coroado com um almoço para mais tarde recordar que envolveu 18 pessoas no total, em plena baia, em frente ao Albatroz.
Ou seja, a tripulação do WILMA durante este domingo iria ser constituída por 10 pessoas. Catita. Enquanto esperávamos pela Lucília e os seus acompanhantes os 7 que tinham pernoitado a bordo foram tomando o pequeno – almoço.
Cerca das 9H10 atracava no molhe um galeão do Sado que iria servir de navio – almirante à frota da ANC durante todo este dia e que iria transportar todas as tripulações das embarcações que calavam mais do que 2,00 metros, demasiado calado para a profundidade do rio em alguns dos troços. Como o WILMA cala 1,60 não iria ter qualquer problema para subir o rio até Alcácer do Sal.
Começam os primeiros veleiros a sair da marina. A agitação instala-se. Chega, entretanto, a Lucília Luís com os seus 2 acompanhantes. Cumprimentos da praxe. Com o Miguel Oliveira na roda do leme começamos a soltar os cabos e saímos da marina para nos juntarmos às embarcações que pairavam ao largo, esperando ordens para avançar rio acima.
O galeão acelera para se colocar à frente da frota comandada pelo representante da ANC em Setúbal, José Barbas, nome bem apropriado para quem tem uma barba farta, digna de um verdadeiro lobo do mar, acompanhado pelo Ruy Ribeiro e pelo José Oliveira, da direcção da ANC, responsáveis pela organização do cruzeiro.
Eis que, de repente, seis golfinhos do Sado nos fazem as honras da casa e começam a saltar junto ao través e à proa do WILMA. Um espectáculo extra neste Cruzeiro de Carnaval. As tripulações apanhadas de repente por este espectáculo não escondem a excitação perante semelhante espectáculo. Os gritos de satisfação são mais que muitos. Foi assim durante cerca de meia hora. Uma experiência inolvidável para muitos e certamente algo para mais tarde recordar.
A frota avança a motor rio acima. Passamos pelos estaleiros da Lisnave, onde se via um número considerável de grandes petroleiros em reparação, e pela fábrica da Portucel, a bombordo.
O rio começa então a estreitar e a profundidade a diminuir, o que requer uma cada vez maior atenção. Algumas das embarcações começam a ter dificuldades em progredir. O JAD que ia à cabeça da frota da ANC e que só cala 56 cm tem que vir à rectaguarda para ajudar a desencalhar uma embarcação.
Cerca de 13H00 o calor aperta e frota avança lentamente como rio cada vez mais estreito e mais baixo. Entretanto 3 embarcações são obrigadas a fazer o caminho de regresso à marina. O respectivo calado, superior a 2 m, não lhes permite avançar mais, sob pena de encalharem, o que ninguém queria arriscar, tanto mais que a maré estava a encher.
Alternando entre a margem direita e a margem esquerda, tendo sempre como referência o galeão que liderava a frota e as indicações dadas pela plotter, fomos prosseguindo até que, cerca das 14H00, vislumbrámos Alcácer do Sal e o cais improvisado onde deveríamos atracar. O galeão foi o primeiro a atracar, tendo as restantes embarcações ficado abraçadas a este.
O calor apertava e a fome já era alguma. As cerca de 90 pessoas foram transportadas até ao restaurante Barrosinha, à entrada do herdade do mesmo nome, situado a cerca de 4 km do ponto de atracação, num camião de caixa aberta tapado por uma lona com assentos nas laterais, usado para o transporte do pessoal na actividade agrícola no Alentejo, e num jipe.
Foram necessárias várias viagens para transportar toda a agente, mas em cerca de 20 minutos todos estavam a almoçar um belo pernil ou um excelente ensopado. Um restaurante a fixar. A sopa alentejana era também de excelente qualidade, fazendo jus à excelente gastronomia desta parte do país.
Mas os marinheiros estão sempre dependentes das marés. Uma vez que a preia-mar tinha sido cerca de 14H40, estando, por isso, desde essa hora a maré na vazante, houve que apressar o regresso de forma a garantir que o percurso de regresso fosse feito sem percalços de maior.
Assim aconteceu. Cerca das 18H00 demos entrada na marina de Tróia. Tinha-se cumprido uma parte do programa previsto para este dia, depois de um percurso de regresso feito com a maior normalidade e tranquilidade e já com o sol a pôr-se no horizonte. A Lucília Luís e os respectivos acompanhantes regressaram no JAD e dirigiram-se de imediato a Lisboa, uma que no dia seguinte para eles era dia de trabalho.
Faltava agora o jantar no Aparthotel Túlipa previsto para cerca das 20H00. Havia que tomar banho de chuveiro e aprontarmo-nos, o que com 35 embarcações demora sempre o seu tempo, não obstante a qualidade e dimensão dos balneários de marina de Tróia, certamente entre os melhores que conhecemos a nível nacional.
Entretanto, antes do jantar, juntou-se a nós o Joaquim Achando, que desde há 2 anos que vem fazendo viagens connosco, mas esta é sua primeira viagem como novo associado da APM10, e que nos acompanharia na viagem de regresso a Oeiras, acompanhado da sua cara-metade, a Helena, que só estaria connosco durante o jantar, uma vez que na manhã de 2ª feira tinha compromissos profissionais inadiáveis, em Lisboa.
Às 20H00 dirigimo-nos para o buffet no Aparthotel Túlipa. Foi um franco convívio entre todas as tripulações participantes no cruzeiro e todos os amigos que se decidiram juntar-se a nós. Aí reencontramos (entre outros) o Venâncio Bicho, proprietário do “How are the Things”, e a esposa, que estiveram connosco no Cruzeiro ao Mar de Alboran realizado em 2007, e o seu novo rebento, a Sofia, de 8 meses. Também ficámos a conhecer o mais recente descendente do Ruy Ribeiro, o António, com 8 semanas.
Reencontrámos também neste convívio os amigos do “Laska” que ficou desmastreado na viagem de regresso do Cruzeiro da Macaronésia, realizado no último Verão, estando agora para venda nas ilhas Canárias.
Terminámos o dia na companhia do Santana e da esposa no TRINITY, onde ficariam alojados o Eduardo e a Zita Gonçalves, depois de termos passado pelo Hotel Aqualuz para arranjarmos gelo para os (muitos) whiskies com que terminámos a noite, tendo a conversa ido desde os barcos aos aviões. Um final feliz para um dia estupendo de convívio e amizade entre todos os participantes no cruzeiro de carnaval.