A participação da Apm10 no Cruzeiro a Valada de 2009 deu-se de Sexta-feira Santa ao Domingo Gordo. Ao longo dos 3 dias, pode-se desfrutar da beleza do estuário do Tejo, boa parte dele considerado Reserva Natural.
Com o Roteiro do Tejo do Cruzeirista José Mota e com o percurso já registado no chart-plotter, este cruzeiro efectua-se por canais estreitos mas é de relativa facilidade se se tiver em conta os 2 ou 3 pontos críticos do percurso.
O cais flutuante de Valada permite atracar nem que seja "abraçado"; ainda assim, fundear junto a uma ilha e usar o bote pode ser uma alternativa mais "natural" e por isso mais coerente com todo o cruzeiro.
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Dia 10 de Abril - À descoberta de um novo percurso
Tendo como tripulação o Paulo, o Miguel e as respectivas famílias zarpamos de Oeiras cerca das 9H40; o ponto de encontro com a frota ANC estava marcado para as 10H50 junto à Doca de Alcântara. As 8 milhas de distância foram todas realizadas à vela, ao largo, com corrente favorável, e ventos de 15 a 20 nós. Condições perfeitas para o Wilma, chegamos um pouco atrasados pelo que assistimos à partida da frota a cerca de 1 milha de distância. Nada que não se resolvesse, cerca da Ponte Vasco da Gama já o Wilma tinha alcançado os últimos dos 12 veleiros que subiam o Tejo neste dia.
A passagem da célebre bóia nº 1 foi atribulada, já que esta está muito mal colocada o que causou alguns encalhanços na frota; apesar de ser uma verde, tem de se passar a bóia por estibordo e por longe. Não fomos os únicos a encalhar neste ponto, situação que foi resolvida em 5 minutos com a utilização de velas que, devido ao vento forte que se sentia, foram suficientes para inclinar o Wilma e com apoio do motor retira-lo para águas mais profundas. É decididamente um local a passar com mais maré e tendo em conta a experiência ganha, talvez o ponto mais crítico da subida.
O resto da subida deu-se em fila, a bom ritmo e a motor, alternando-se períodos com genoa e sempre a registar o percurso em chart-plotter para se usar na viagem de regresso. O tempo chuvoso e ventoso não nos permitiu apreciar tanto a paisagem como esta merecia. Ainda assim a viagem foi agradável tendo-se chegado a Valada por volta das 16H30, hora a que nos juntamos ao grupo que já tinha iniciado o cruzeiro no dia anterior.
Foi nesta altura que o Paulo e a família se dirigiu a Lisboa de comboio; já que táxis e outros transportes não existem em Valada, o caminho para a estação foi feito a pé (!) o que foi relatado como uma caminhada agradável.
À noite tivemos ainda oportunidade de assistir a uma procissão evocativa da Via Sacra efectuada sobre o dique de Valada. O espectáculo das velas e os cânticos temperaram a noite com espírito Pascal.
Dia 11 de Abril - Convívio à beira rio
O dia de Sábado iniciou-se com bom tempo mas foi depois alternando com períodos de chuviscos e algum vento. Ainda assim havia condições de fazer a vontade às crianças e usar o bote para ir à "aventura". Na companhia da tripulação mais jovem do Shadoogie, veleiro que se abraçou ao Wilma durante a estadia em Valada, fomos ao Escaropim fazer um "levantamento". A existência de um afamado restaurante e a possibilidade de se acostar ou fundear nas imediações do dito local gastronómico eram as missões da aventura.
No regresso o Wilma tinha visitas, a família do Miguel, de Santarém, tinha aceite o convite para virem almoçar a bordo e já se tinha feito anunciar do cais. Foram 4 ou 5 horas de convívio e mais viagem de bote com as criaças, agora 4, que terminaram eram quase horas do jantar do grupo da ANC.
O jantar decorreu menos mal, sendo marcado por mais exibição menos conseguida do Benfica conforme se podia ver dos ecrãs da TV. Durante o Jantar combinou-se que um grupo de veleiros sairia mais cedo de Valada do que estava recomendado no programa do cruzeiro; o objectivo era chegar a Lisboa sem parar em Alhandra ou Vila Franca conforme estava planeado. Convinha chegar a Oeiras durante o dia.
Dia 12 de Abril - Bonita viagem de Regresso
7 da manhã. Com o apoio do Boomerang X e do Shadoogie conseguimos tirar o Wilma do local de amarração, de uma forma um pouco atribulada mas sem incidentes. A corrente desfavoravel e o facto do Wilma ter ficado encaixado em outros veleiros dificultou a manobra.
Com veleiros guia e indicação do chart-plotter a viagem foi feita com total confiança a velocidade moderada, o que deu para gozar a verdadeira beleza natural do estuário do Tejo. Houve quem lhe chamasse o Pantanal Português, uma comparação de nível de beleza lisonjeante. À chegada a Alhandra, os "barcos guia", que até aí tinham assumido as "despesas" do percurso deram meia volta e encostaram para almoçar. Verificou-se que havia quorum para continuar a viagem já que cerca de 6 a 8 veleiros decidiram continuar, entre eles o Shadoogie, nosso vizinho em Valada, e o Pardal.
A passagem da bóia 1 foi outra vez crítica mas o Shadoogie, de menor calado, foi servindo de "sonda" e prestando informações de profundidade que foram essenciais para se passar esse obstáculo sem perder demasiado tempo, o que foi conseguido. Ainda assim houveram veleiros que não encontraram a passagem e tiveram de esperar que a maré subisse.
À passagem pela Torre do Parque das Nações, subiram-se todas as velas e o Wilma deslizou até à Ponte 25 de Abril, momento em que a corrente e ventos menos favoráveis fizeram reduzir a velocidade do Wilma. Pelo meio houve ainda oportunidade de almoçar. As últimas milhas foram mesmo feitas a motor já que era difícil progredir de outra forma. Apesar de a tripulação ser reduzida (2 adultos e 2 crianças) a chegada a Oeiras foi pacífica, tendo sido pedida ajuda ao marinheiro de serviço para apoiar na manobra.
Conclusão: a subida a Valada é super agradável, é acessível se bem planeada e é uma alternativa simpática aos cruzeiros de fim-de-semana a Sesimbra ou a Tróia. Mais uma alternativa atraente para fazer Vela de Cruzeiro na APM10.